O J3 não vende bem nem na China. Entre os 20 sedans ou hatchs mais vendidos por lá em 2012, apenas dois são de marca local (chinesa), o Geely Emgrand EC7, com 146.516 unidades (14º) e o Chery QQ, com 143.974 (18º). Todos os outros 18 são GM, VW, Ford, Hyundai ou Toyota. Segue o link:
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]O Uno Mille, mencionado pelo Pedro, é um projeto italiano do início dos anos 80. Já não se poderia esperar muito mesmo de um projeto 30 anos defasado. A versão brasileira, por uma economia de custos, saiu ainda mais insegura que a italiana (a muitos anos fora do mercado). Como quiseram, aqui, aproveitar a antiga suspensão traseira do Fiat 147 (essa com a sacolejante mola semi-elíptica transversal que até hoje acompanha o Mille), o porta-malas precisou ter seu piso suspenso (esta suspensão, além de exigir até alinhamento, ocupa muito espaço). Esta redução do compartimento de bagagens foi compensada de uma maneira bem simples, fazendo o estepe "migrar" para a frente do carro. E assim ficamos com toda uma família de carros (Uno, Prêmio, Elba e Fiorino) com uma rígida roda colocada horizontalmente bem a frente do condutor.
O Sandero não é um projeto da Renault. Uma subsidiária do Grupo, a romena Dacia, é quem projetou alguns modelos para mercados "emergentes" como o nosso. Assim, Logan e Sandero possuem o DNA de uma montadora menor, antes acostumada a atender apenas ao mercado Romeno. Lá eles fabricavam (até não muito tempo atrás) o Renaut 12, irmão gêmeo do primeiro Corcel brasileiro, herdado pela Ford da Willys (tecnologia Renault) e lançado aqui em 1969.
Existem muitos fabricantes de automóveis na China. Um bom número são independentes, como a Chery e a JAC. Mas a maior parte da produção está nas mãos dos fabricantes que possuem joint-ventures com fabricantes famosos, conforme a tabela que "linkei" acima. Os independentes estão crescendo muito e, inclusive, há uma determinação do governo chinês para que se unam em 3 ou 4 conglomerados. A Chery é a maior independente e uma das únicas que investe em tecnologia, mas ainda precisa evoluir muito (embora tenha apresentado grande velocidade nisso). Acredito que o desenvolvimento das marcas chinesas será mais rápido do foi o das coreanas por duas razões bem simples: recursos e concorrência. Recursos nem preciso falar, a China simplesmente "canaliza" o dinheiro que quiser para suas montadoras (muitas estatais, como a Chery). A concorrência com marcas estrangeiras (embora produzidas no País) é outro fator que fomenta o crescimento das marcas locais. Na Coréia, ao contrário, durante muitos anos os fabricantes locais gozaram de privilégios no mercado. Carros locais, inclusive, precisavam até mesmo de nomes locais. Nada da GM entrar no mercado, por exemplo, com uma marca Chevrolet. A partir de 1998, quando a Coréia quase quebrou, este protecionismo foi levantado em parte. Foi quando a GM comprou a massa falida da Daewoo (que comprava tecnologia Opel no passado) para poder ter uma "marca coreana". A Hyundai nasceu como montadora de um modelo Mitsubishi (chamado de Pony) nos anos 70. Até metade dos anos 90 todos os Hyundai ainda usavam motores Mitsubishi importados do Japão.
Ops... Já me estendi demais. O importante seria que o mercado se conscientizasse que segurança não é equipamento de conforto ou luxo, mas uma necessidade fundamental e deixasse de comprar carros sem ABS, airbags e com estruturas obsoletas. Menos mal que, a partir de 2014, todos os nacionais precisarão ser equipados com este mínimo. Mas existem casos que o equipamento será apenas para cumprir a legislação, como o velho Chevrolet Classic que já conta com equipamento (em 2013 ainda é opcional), embora sua estrutura seja do início dos anos 90. Não vou estranhar se aparecer um Mille ou uma Kombi com air-bag...